UNIVERSIDADE
NOVE DE JULHO
DISLEXIA: UM OLHAR ESPECIAL PARA ALUNOS ESPECIAIS – UM JEITO DE SER E APRENDER DIFERENTE.
Artigo apresentado a Banca Examinadora da Universidade Nove de Julho
como exigência parcial para a obtenção
do título de Especialista em Psicopedagogia Clinica e Institucional, sob a
orientação do Prof. Marcos Antonio Lucci.
São Paulo
2012
Nilda de Fátima Santos Soares[1]
Curso de pós Graduação em
Psicopedagogia Clinica e institucional.
Orientador:
Professor Doutor Marcos Antonio Lucci
Resumo
O objetivo deste
artigo é ampliar as discussões a respeito da dislexia nas instituições
educacionais e no trabalho efetivo dos educadores, propiciando conhecimento
sobre esta dificuldade de aprendizagem para que a escola, os
professores, juntamente com a família possam trabalhar este aluno de maneira diferenciada,
para fazer com que o mesmo consiga amenizar essa dificuldade de aprendizagem,
possibilitando o seu desenvolvimento intelectual, respeitando seus limites e
valorizando seu potencial.
Palavras chave: Dislexia. Educadores.
Dificuldade de aprendizagem.
Abstract
The purpose of this article is to expand the
discussions about dyslexia in educational institutions and in the actual work
of the educators, providing knowledge about this difficulty of learning for the
school, the teachers, along with the family can work this student of
differentiated way, to make it able to alleviate this difficulty of learning,
allowing their intellectual developmentrespecting your limits and valuing their
potential.
Key words: dyslexia. Educators. Learning disability.
Introdução
Distúrbio,
transtorno ou dificuldade de aprendizagem na área da leitura, escrita,
ortografia e matemática, estão associados com a disgrafia. Alguns estudiosos associam-se
apenas a trocas de letras ou palavras, outros à lentidão de aprendizagem, quase
todos a consideram uma forma de transtorno de aprendizagem, na verdade, isso é
apenas um aspecto da dislexia.
Pesquisas
realizadas em vários países apresentam uma porcentagem significativa de
dislexos na população mundial. Ao
contrário do que se imagina a dislexia não é o resultado de má alfabetização,
desatenção, desmotivação, pobreza ou inteligência baixa. Ela é uma condição
hereditária com alterações genéticas, apresentando ainda alterações no padrão
neurológico.
Todavia ter dislexia não faz do
indivíduo um gênio, como Albert Einstein, Thomas Edison, Charles Darwin, do
mesmo modo que é importante saber que o fato de ter um problema com leitura,
escrita, ortográfica ou matemática não significa que seja menos inteligente que
os outros, pois as pessoas com dislexia apresentam grandes habilidades em
outras áreas, como esportes, artes, física, etc.
Por
esses fatores é que a dislexia deve ser diagnosticada por uma equipe
multidisciplinar qualificada. Esse tipo de avaliação dá condições para um
acompanhamento pós diagnóstico mais efetivo. Deve-se lembrar sempre que a
pessoa com dislexia tem uma dificuldade e não uma impossibilidade. Devidamente
acompanhada ela vai paulatinamente superando ou contornando suas dificuldades,
portanto para mudar a perspectiva que se tem com relação à dislexia, deve-se
começar por uma compreensão clara e precisa do que realmente seja e qual a sua
causa.
Considerando a importância da relação professor-aluno
no processo ensino- aprendizagem e as necessidades de construir uma prática
educativa que possibilite a reflexão, a crítica e a construção do conhecimento
pautando-se nos problemas que ocorrem diariamente em sala de aula e no decorrer
do processo ensino-aprendizagem, o presente artigo tem por finalidade
esclarecer dúvidas decorrentes de um distúrbio presente na vida dos educandos.
Diante da dificuldade que muitos educadores encontram em reconhecer o distúrbio
dentre seus alunos e principalmente em saber como trabalhar com os mesmos após
a confirmação do diagnóstico, é de extrema necessidade, para que estes alunos
possam ter suas necessidades de ensino atendidas.
O que é Dislexia?
Historicamente, a dislexia foi
identificada pela primeira vez por BERKLAN em 1881. O termo 'dislexia' foi
cunhado em 1887 por Rudolf Berlin, um oftalmologista de Stuttgart,
Alemanha. Ele usou o termo para se referir a um jovem que apresentava
grande dificuldade no aprendizado da leitura e escrita, ao mesmo tempo, em que
apresentava habilidades intelectuais normais em todos os outros aspectos
(WIKIPÉDIA, 2010).
De acordo com a Associação
Brasileira de Dislexia, a definição tem origem no grego e no latim, DIS –
distúrbio, LEXIA - (do latim) leitura; (do grego) linguagem, portanto dislexia
significa dificuldades apresentadas na leitura e escrita.
A definição recorrente é a do
Comitê de Abril de 1994, da International Dyslexia Association - IDA, que
diz: Dislexia é um dos muitos distúrbios de aprendizagem. É um distúrbio
específico da linguagem, de origem constitucional, caracterizado pela
dificuldade de decodificar palavras simples. Mostra uma insuficiência no
processo fonológico. Estas dificuldades de decodificar palavras simples não são
esperadas em relação a idade. Apesar de submetida a instrução convencional,
adequada inteligência, oportunidade sócio-cultural e não possuir distúrbios
cognitivos e sensoriais fundamentais, a criança falha no processo de aquisição
da linguagem. A dislexia é apresentada em várias formas de dificuldade com as
diferentes formas de linguagem, freqüentemente incluídas problemas de leitura,
em aquisição e capacidade de escrever e soletrar.
Para Condemarin e Blomquist (1989), o termo dislexia é aplicável a uma
situação na qual a criança é incapaz de ler com a mesma facilidade com a qual
lêem seus iguais, apesar de possuir uma inteligência normal, saúde e órgãos
sensoriais intactos, liberdade emocional, motivação e incentivos normais, bem
como instrução adequada.
Vamos tomar por base a proposta de Mabel Condemarín (l989, p.
55), que diz claramente que a dificuldade de aprendizagem relacionada com a
linguagem (leitura, escrita e ortografia), pode ser feita logo no início e
também de maneira informal, não deixando de considerar que é muito importante
que se procure fazer um diagnóstico mais conciso para ser confirmado por um
neurologista, e assim acrescentada pelo professor de Língua Portuguesa e de
preferência, que seja habilitado em Pedagogia, que pode vir a realizar uma
medição da fluência da leitura da criança, utilizando meios necessários para
que se possa complementar o diagnóstico da criança disléxica.
Segundo
Orton (2001), neurologista americano, dislexia é:
Uma dificuldade que ocorre no processo de leitura, escrita,
soletração e ortografia. Não é uma doença, mas um distúrbio com uma série de
características. Torna-se evidente na época da alfabetização, embora alguns
sintomas já estejam presentes em fases anteriores. Apesar de instrução
convencional, adequada inteligência e oportunidade sociocultural e ausência de
distúrbios cognitivos fundamentais, a criança falha no processo da aquisição da
linguagem. A dislexia independe de causas intelectuais, emocionais e culturais.
É hereditária e a maior incidência é em meninos na proporção de três para um
(ou seja, a cada três meninos que nascem com dislexia, apenas uma menina nasce
disléxica
Em
2002, a Associação Internacional de Dislexia adaptou a seguinte definição:
“Dislexia é uma incapacidade específica de aprendizagem, de origem
neurobiológica. É caracterizada por dificuldades na correção e/ou fluência na
leitura de palavras e por baixa competência leitora e ortográfica. Estas
dificuldades resultam de um déficit fonológico, inesperado, em relação às
outras capacidades cognitivas e às condições educativas. Secundariamente podem
surgir dificuldades de compreensão leitora, experiência de leitura reduzida que
pode impedir o desenvolvimento do vocabulário e dos conhecimentos gerais”. Esta
definição de dislexia é a atualmente aceita pela grande maioria da comunidade
científica.
A
dislexia, segundo Jean Dubois et al. (1993, p.197), é um defeito de
aprendizagem da leitura caracterizado por dificuldades na correspondência entre
símbolos gráficos, às vezes mal reconhecidos, e fonemas, muitas vezes, mal
identificados.
A dislexia, segundo a linguista, interessa de modo preponderante tanto à
discriminação fonética quanto ao reconhecimento dos signos gráficos ou à
transformação dos signos escritos em signos verbais.
A dislexia, para a Linguista, assim, não é uma doença, mas um fracasso
inesperado (defeito) na aprendizagem da leitura, sendo, pois, uma síndrome de
origem linguística.
É uma dificuldade que ocorre no processo de leitura, escrita,
soletração e ortografia. Não é uma doença, mas um distúrbio com uma série de características.
Torna-se evidente na época da alfabetização, embora alguns sintomas já estejam
presentes em fases anteriores. Apesar de instrução convencional, adequada
inteligência e oportunidade sociocultural e ausência de distúrbios cognitivos
fundamentais, a criança falha no processo de aquisição da linguagem. A dislexia
independe de causas intelectuais, emocionais e culturais. É hereditária e a
maior incidência é em meninos na proporção de três para um. ( IANHEZ; NICO,
2002, p. 21,22)
As
autoras Ianhez e Nico (2002) confirmam que a dislexia pode aparecer de repente
na vida adulta e que é chamada de “dislexia adquirida”, ou afasia e que se
diferencia da dislexia de desenvolvimento, que é hereditária e congênita.
Este
distúrbio é mais fácil descrever do que denominar, como se pode notar na citação
acima, contudo, o importante é identificar o problema para que se possa ajudar
e ensinar os que necessitam adequadamente.
Diagnóstico e tratamento da dislexia
É importante para o profissional
da área ser sensível a respeito de como tal distúrbio se manifesta em termos de
comportamento da criança, sintomatologia, história e resultados em testes
(Pennington, 1997).
Nico (2005) recomenda que o
diagnóstico seja feito por uma equipe multidisciplinar (psicólogo, um
fonoaudiólogo, um psicopedagogo e um neurologista) não somente para se obter o
diagnóstico de dislexia, mas para se determinar, ou eliminar, fatores
coexistentes de importância para o tratamento. Além disso, o diagnóstico deve
ser significativo para os pais e educadores, assim como para a criança. Ou
seja, simplesmente encontrar um rótulo não deve ser o objetivo da avaliação,
mas tentar estabelecer um prognóstico e encontrar elementos significativos para
o programa de reeducação. É de grande importância que sejam obtidas informações
sobre o potencial da criança, bem como sobre suas características
psiconeurológicas, seu desempenho e o repertório já adquirido. Informações
sobre métodos de ensino pelos quais a criança foi submetida também são de grande
significação.
Apresentação
dos sintomas
Os sintomas-chave na dislexia
são dificuldades para ler e soletrar, frequentemente com desempenho em
matemática relativamente melhor. Como algumas crianças disléxicas gostam de ler
ou têm boa compreensão de leitura, é importante verificar especificamente a
leitura em voz alta e a aprendizagem fônica. Pais e professores poderão relatar
ritmos lentos de leitura ou de escrita, inversão de letras e números, problemas
na memorização dos fatos matemáticos básicos e erros incomuns em leitura e
soletração .
O mais importante é que a
indicação inicial pode ocorrer não pelos sintomas cognitivos, mas pelos físicos
ou emocionais, tais como ansiedade ou depressão, relutância em ir à escola,
dores de cabeça e problemas estomacais. É importante verificar se esses
sintomas ocorrem sempre ou só nos dias escolares. Mesmo que ocorram sempre, a
causa principal pode ser a dislexia devido a fracassos.
Alguns
Sintomas de Dislexia
·
Dificuldade
na aquisição e automação da leitura e escrita
·
Pobre
conhecimento de rima (sons iguais no final das palavras) e aliteração (sons
iguais no início das palavras)
·
Desatenção e
dispersão
·
Dificuldade
em copiar de livros e da lousa
·
Dificuldade
na coordenação motora fina ,(desenhos, pintura) grossa (ginástica, dança
·
Desorganização
geral: podemos citar os constantes atrasos na entrega de trabalhos escolares e
perda de materiais escolares
·
Confusão
entre esquerda e direita
·
Dificuldade
em manusear mapas, dicionários, listas telefônicas
·
Vocabulário
pobre, com sentenças curtas e imaturas ou sentenças longas e vagas
·
Dificuldade
na memória de curto prazo, como instruções, recados
·
Dificuldades
em decorar sequências, como meses do ano, alfabeto,
tabuada
·
Dificuldade
na matemática e desenho geométrico
Segundo Mabel Condemarín
(l989, p. 55), a dificuldade de aprendizagem está relacionada com a linguagem, leitura, escrita e ortografia, pode ser
inicial e informalmente um diagnóstico mais preciso deve ser feito e confirmado
por neurolinguista diagnosticada pelo professor da língua materna, com formação
na área de Letras e com habilitação em pedagogia que pode vir a realizar uma
medição da velocidade da leitura da criança, utilizando, para tanto, a seguinte
ficha de observação, com as seguintes questões a serem prontamente respondidas:
·
A criança
movimenta os lábios ou murmura ao ler?
·
A criança
movimenta a cabeça ao longo da linha?
·
Sua leitura
silenciosa é mais rápida que a oral ou mantém o mesmo ritmo de velocidade?
·
A criança
segue a linha com o dedo?
·
A criança
faz excessivas fixações do olho ao longo da linha impressa?
·
A criança
demonstra excessiva tensão ao ler?
·
A criança
efetua excessivos retrocessos da vista ao ler?
Para o exame dos dois últimos
pontos, é recomendável que o professor coloque um espelho do lado oposto da
página que a criança lê. O professor coloca-se atrás e nessa posição pode olhar
no espelho os movimentos dos olhos da criança.
O cloze, que consiste em pedir
à criança para completar certas palavras omitidas no texto, pode ser importante
aliado para o professor de língua materna determinar o nível de
compreensibilidade do material de leitura (ALLIENDE: 1987, p.144)
Alguns Dislexos Famosos
·
Albert
Einstein
·
Agatha
Christie
·
Joss Stone
·
Keira
Knightley
·
Leonardo Da
Vinci
·
Napoleão
Bonaparte
·
Thomas A.
Edison
·
Tom Cruise
·
Charles
Dawin
Segundo Mabel Condemarín (1987, p.23), outras perturbações da
aprendizagem podem acompanhar os disléxicos:
·
Alterações na memória
·
Alterações na memória de séries e sequências
·
Lateralidade
·
Linguagem escrita
·
Dificuldades em matemática
·
Confusão com relação às tarefas escolares
·
Pobreza de vocabulário
·
Escassez de conhecimentos prévios (memória de longo
prazo)
Porém,
o importante é saber que o disléxico é portador de uma dificuldade, mas não de
uma deficiência. Há que se adequar métodos e materiais que se ajustem e atendam
o processo de desenvolvimento conceptual do leitor.
O
acompanhamento, a observação e a modificação de posturas frente ao aprendizado
irão direcionar as particularidades de cada indivíduo, levando em conta seu
tempo e construção de saberes.
Classificação das dificuldades apresentadas na dislexia
As
autoras Ianhez e Nico (2001), descrevem no livro “Nem sempre é o que parece”, a
seguinte classificação, utilizada para nomear os distúrbios derivados da
dislexia.
·
Disgrafia
·
Disnomia
·
Dispraxia
·
Memória de curto prazo ou “memória imediata”
·
Memória de longo prazo
·
Discalculia: problema com a matemática
Discalculia
é a dificuldade (mesmo com inteligência média/normal), ou perda (no caso de
lesões) da habilidade para lidar com os números e com as operações matemáticas.
Uma dificuldade, geralmente de origem congênita, para lidar com os números (trocas,
inversões, omissões etc.) e com os símbolos matemáticos.
Nem
todas as pessoas com dislexia têm problemas com a matemática. Quando isto
ocorre, o fenômeno é geralmente denominado acalculia ou discalculia. Muitas
dessas dificuldades resultam dos métodos utilizados pelos professores na
tentativa de ensinar matemática. O aprendizado da matemática para a criança com
dislexia é muito difícil, e algumas vezes até impossível.
A
acalculia e a discalculia relacionam-se diretamente com as distorções do sentido
do tempo, que são comuns na dislexia. Estas distorções ocorrem simultaneamente
com desorientações visuais, auditivas e de equilíbrio/movimento.
Sem
um sentido inerente de tempo, a compreensão do conceito de sequência, o modo
como as coisas se seguem, uma após a outra, se torna um conceito difícil de
entender para a criança com dislexia. Sem os conceitos de tempo e sequência, é
duvidoso que se consiga uma compreensão precisa do conceito de "ordem
versus desordem".
Toda
matemática, da simples aritmética ao cálculo astrofísico é composta de ordem
(versus desordem), sequência e tempo. Crianças que possuem um sentido inerente
destes três conceitos podem aprender e compreender a matemática. Para crianças
que não possuem estes conceitos, o aprendizado da matemática se reduz à
memorização. Para a criança com dislexia aprender matemática, ela deve dominar
os seguintes princípios básicos:
1. Tempo,
significando a mediação de mudança em relação a um padrão.
2. Sequência,
significando que as coisas se seguem, uma após a outra, em quantidade, tamanho,
tempo ou importância.
3. Ordem,
significando que as coisas estão nos seus lugares apropriados, nas suas
posições apropriadas e nas suas condições apropriadas.
Uma vez que estes conceitos tenham sido
dominados, pode-se adquirir o domínio do calcular com exatidão. A partir daí,
aprender aritmética pode transformar-se de uma luta numa alegria.
Uma
observação interessante é que matemática e música são compostas dos mesmos
elementos: ordem, sequência e tempo. Apenas são expressas por meios diferentes.
Com isso, não deveríamos nos surpreender com o fato de muitos grandes
matemáticos também serem excelentes músicos, e vice-versa.
A importância do diagnóstico da Dislexia.
Uma
equipe multidisciplinar, formada por Psicóloga, Fonoaudióloga e Psicopedagoga
Clínica deve iniciar uma minuciosa investigação. Essa mesma equipe deve ainda
garantir uma maior abrangência do processo de avaliação, verificando a necessidade
do parecer de outros profissionais, como Neurologista, Oftalmologista o Otorrinolaringologista,
o Geneticista, o Pediatra e outros, conforme o caso.
A equipe de profissionais verificará todas as possibilidades
antes de confirmar ou descartar o diagnóstico de dislexia. É a avaliação multidisciplinar
e de exclusão. Neste processo ainda é muito importante tomar o parecer da
escola, dos pais e levantar o histórico familiar e de evolução do paciente.
(ZONTA, 2008, p. 3)
É
importante haver uma boa troca de informações, experiências e até sintonia dos
procedimentos executados, entre profissional, escola e família para fechar o
quadro de diagnóstico sobre a dislexia.
Uma
observação encontrada no folheto da Associação Brasileira de Dislexia (ABD),
"O fracasso escolar e os distúrbios de aprendizagem” é que depois da valorização
e diagnosticado a dislexia a criança não ficará mais exposta ao rótulo de preguiçosa,
desatenta, bagunceira, etc.
Essa
troca de informações no "estudo do caso" de diagnóstico sobre a
dislexia será importante também para se fazer o encaminhamento adequado. O
diagnóstico deve esclarecer os pais, os professores e o profissional que fará o
acompanhamento, bem como o próprio disléxico.
Quando
a criança for diagnosticada com dislexia, os pais devem procurar a escola e
informar tanto a direção, quanto aos professores a atual situação do filho.
Após
a criança ser diagnosticado com dislexia a família apresenta a documentação
para que a escola possa entrar no processo da legislação vigente que apoia
todos que apresentam esse problema e que ele possa ter perante seus professores
sistemas diferenciados de avaliação.
IANHES
e NICO (2001) dizem ainda que a dislexia não tem cura, mas que podemos melhorar
o quadro com apoio e ensino adequado, o disléxico sempre contorna suas dificuldades,
encontrando seu caminho.
O disléxico geralmente demonstra insegurança e baixa
auto-estima, sentindo-se triste e culpado. Muitos se recusam a realizar
atividades com medo de mostrar os erros e repetir o fracasso. Com isto criam um
vínculo negativo com a aprendizagem, podendo apresentar atitude agressiva com
professores e colegas. (ARAÚJO, 2007, p.1)
Com
isto pode vir a ocorrer o abandono da sala de aula ou, se consegue chegar até o
fim é com muito esforço e às vezes sofrimento psicológico, pela discriminação
que sofre, e muitas vezes não terminam seus estudos totalmente alfabetizada. Desta
forma, ela pode se submeter às funções menores no campo do trabalho ou então
podendo encaminhar-se para a marginalidade, as frustrações acumuladas podem
conduzir a comportamentos anti-sociais, à agressividade e a uma situação de
marginalização progressiva, quando poderiam ser gênios se tivessem o apoio da
sociedade naquilo que deveriam ter obrigatoriamente: a educação.
O papel do professor
Segundo
Rodrigues e Silveira (2008, p.5).
O papel do educador é despertar no aluno o interesse pelo
saber, se isso não acontecer este aluno não desenvolve sua criatividade e
capacidade para construir sua própria história de vida, por isso é importante
que o professor conheça o universo cultural de cada aluno.
É
comum entre os docentes comentários onde é enfatizado que o aluno não aprende,
não se interessa, é indisciplinado, entre outros adjetivos, e consequentemente,
o professor que provavelmente irá trabalhar no ano seguinte cria uma espécie de
“escudo”. Enquanto a história ou os rótulos atribuídos a um indivíduo chegar
antes dele próprio e essas informações predominar, continuará o aluno assim.
Mas
se houver a dúvida, a investigação e principalmente a ação quando constatado
tal quadro de dificuldade, o comentário seguinte não será apenas que realmente
é verdade, mas que também esta se fazendo algo por este aluno e ele esta correspondendo
bem a esta atenção.
Quando
o educador investiga, ele olha, observa, faz anotações, observa novamente com
mais atenção, tira suas conclusões e principalmente age, faz. É essa ação que o
diferenciará dos demais e o tornará importante aos seus educandos, pelo fato
deste professor olhar com atenção e agir.
Um
dos problemas indicados pelos próprios docentes é que geralmente os professores
do ciclo I do Ensino Fundamental não têm a formação necessária para realizar um
diagnóstico de dificuldades de aprendizagem, mas por meio da observação pode detectar
as dificuldades que o aluno apresenta. RODRIGUES e SILVEIRA (2008, p.3) reafirmam
e alertam para:
Devido à falta de formação do professor na graduação ele
ainda não está preparado para detectar estes problemas.
[...], por isso os professores devem-se especializar-se para
que este aluno não sofra tanta discriminação na vida escolar, uma vez que este
ainda não recebe um acompanhamento adequado para superar esta dificuldade.
Também
há uma tendência em colocar a culpa no próprio aluno, com isso o educador se
acomoda não buscando capacitação, nem metodologias diferentes e eficientes para
os alunos que apresentam possíveis sintomas de dislexia ou quer que seja
dificuldade de aprendizagem, respeitando e entendendo sua individualidade.
Encontramos nas palavras de Rocha (2000, p.27), argumentos
que podem auxiliar numa reflexão:
Como ajudar alguém a aprender se não compreendermos? E pior,
por vezes quando não conseguimos atingir nossos objetivos - ajudar o outro no
seu processo de aprendizagem - caímos num lugar comum de rotular o outro como
uma pessoa portadora de dificuldade de aprendizagem ou outras coisas do tipo
[...] se entendermos que o próprio conceito de normalidade é no mínimo relativo
e, ainda, que o homem é um ser temporal único, é no mínimo imprudente
estigmatizar, ou mesmo, classificar alguém como um portador de dificuldades de
aprendizagem para depois interceder no caso.
O autor coloca o problema da dificuldade de
aprendizagem sob outra perspectiva, ou seja, da não afirmação do problema ou da
não rotulação, o que não quer dizer que seja necessário negar o aluno que nos
parece portador de dificuldades de aprendizagem, muito pelo contrário, é
necessário aceitá-los, compreendê-lo, amá-lo, sem ditar regras nem classificar
a normalidade dentro da sala de aula, que, todavia, será o local mais propício
ao respeito à liberdade e a busca da autonomia.
Considerações Finais
A
dislexia, mais do que uma dificuldade, é um universo complexo e contraditório
que envolve aspectos neuropsicológicos, sócio-culturais e educacionais. A
criança com dificuldades de aprendizagem é uma criança cujo processo de
desenvolvimento é mais lento do que o esperado. Não devemos rotulá-la como
defeituosa, deficiente, incapaz ou permanentemente inapta. As crianças, apesar
de apresentarem dificuldades, a sua aprendizagem continuará sendo possível.
Se
o objetivo é ensinar a ler, deve-se ensinar a leitura e tudo o que a envolve,
desta forma a criança irá ler através de conexões expressivas de palavras e de
imagens. Quando uma tarefa envolver aprendizagem associativa de rotina, o ideal
é apresentar letras misturadas, em confronto com letras aos pares e sob várias
circunstâncias.
Quanto
mais precocemente forem detectadas possíveis dificuldades de aprendizagem, mais
fácil se tornará trabalhar com a dislexia na sala de aula. O quanto antes
iniciar a intervenção nestas crianças, possivelmente seu histórico de
frustração e sentimentos de baixa-estima será menor.
Percebemos
que muitos professores não possuem conhecimento suficiente sobre a dislexia, dificultando
deste modo, a identificação de tal dificuldade.
O reconhecimento da dislexia é essencial no
processo educativo, os educadores deveriam ter conhecimento suficiente para
lidar com esta dificuldade em seus alunos e consequentemente melhorar a maneira
de adaptar seu planejamento pedagógico as necessidades destes.
É
importante compreender que o disléxico apresenta uma dificuldade, mas não uma
deficiência. Há de se adequar métodos e materiais que se ajustem e atendam o
processo de desenvolvimento do disléxico.
O
acompanhamento, a observação e a modificação de posturas frente ao aprendizado
irá direcionar a aprendizagem particularidades de cada indivíduo: levando em
conta seu tempo para a construção de saberes.
Esse trabalho foi fruto de estudos
e pesquisas, e positivamente, aumentou o meu conhecimento nessa área, muitas
vezes tão complicada. Pude perceber a importância que esses me trouxeram,
levando-me à compreensão de certas atitudes com as quais me deparo em sala de
aula.
É necessário que o educador esteja disposto a se inteirar sobre o assunto se quer realmente ajudar o seu aluno, pois muitas são as dificuldades, até mesmo por não se ter muita produção sobre a dislexia. Podemos dizer que, em alguns lugares, nunca se ouviu falar sobre essa dificuldade e em outros, pouco se sabe sobre o mesmo.
Àqueles que se predispõem a trabalhar com crianças que apresentam tal dificuldade, terão que ir em busca de informações e conhecimentos, para alcançar as expectativas positivas para o melhor desenvolvimento de seu educando.
É necessário que o educador esteja disposto a se inteirar sobre o assunto se quer realmente ajudar o seu aluno, pois muitas são as dificuldades, até mesmo por não se ter muita produção sobre a dislexia. Podemos dizer que, em alguns lugares, nunca se ouviu falar sobre essa dificuldade e em outros, pouco se sabe sobre o mesmo.
Àqueles que se predispõem a trabalhar com crianças que apresentam tal dificuldade, terão que ir em busca de informações e conhecimentos, para alcançar as expectativas positivas para o melhor desenvolvimento de seu educando.
São essas informações que procurei
deixar com esse trabalho realizado e espero que venha servir de auxílio para
todos que delas necessitarem.
Bibliografia
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[1]
Professora
de Língua Portuguesa do Ensino Fundamental e Ensino médio, aluna do curso de
Psicopedagogia Clinica e Institucional da Universidade Nove de Julho. Email nifatima@bol.com.br
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