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terça-feira, 14 de julho de 2015

Dislexia - Artigo

UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO
                                           





DISLEXIA: UM OLHAR ESPECIAL PARA ALUNOS ESPECIAIS – UM JEITO DE SER E APRENDER DIFERENTE.

 


   Artigo apresentado a Banca Examinadora da Universidade Nove de Julho como exigência    parcial para a obtenção do título de Especialista em Psicopedagogia Clinica e Institucional, sob a orientação do Prof. Marcos Antonio Lucci.
                         





São Paulo
2012

 Nilda de Fátima Santos Soares[1]

Curso de pós Graduação em Psicopedagogia Clinica e institucional.
Orientador: Professor Doutor Marcos Antonio Lucci

Resumo
O objetivo deste artigo é ampliar as discussões a respeito da dislexia nas instituições educacionais e no trabalho efetivo dos educadores, propiciando conhecimento sobre esta dificuldade de aprendizagem para que a escola, os professores, juntamente com a família possam trabalhar este aluno de maneira diferenciada, para fazer com que o mesmo consiga amenizar essa dificuldade de aprendizagem, possibilitando o seu desenvolvimento intelectual, respeitando seus limites e valorizando seu potencial.

Palavras chave: Dislexia. Educadores. Dificuldade de aprendizagem.




Abstract

The purpose of this article is to expand the discussions about dyslexia in educational institutions and in the actual work of the educators, providing knowledge about this difficulty of learning for the school, the teachers, along with the family can work this student of differentiated way, to make it able to alleviate this difficulty of learning, allowing their intellectual developmentrespecting your limits and valuing their potential. 

Key words: dyslexia. Educators. Learning disability.


Introdução

Distúrbio, transtorno ou dificuldade de aprendizagem na área da leitura, escrita, ortografia e matemática, estão associados com a disgrafia. Alguns estudiosos associam-se apenas a trocas de letras ou palavras, outros à lentidão de aprendizagem, quase todos a consideram uma forma de transtorno de aprendizagem, na verdade, isso é apenas um aspecto da dislexia.
Pesquisas realizadas em vários países apresentam uma porcentagem significativa de dislexos  na população mundial. Ao contrário do que se imagina a dislexia não é o resultado de má alfabetização, desatenção, desmotivação, pobreza ou inteligência baixa. Ela é uma condição hereditária com alterações genéticas, apresentando ainda alterações no padrão neurológico.
Todavia ter dislexia não faz do indivíduo um gênio, como Albert Einstein, Thomas Edison, Charles Darwin, do mesmo modo que é importante saber que o fato de ter um problema com leitura, escrita, ortográfica ou matemática não significa que seja menos inteligente que os outros, pois as pessoas com dislexia apresentam grandes habilidades em outras áreas, como esportes, artes, física, etc.
Por esses fatores é que a dislexia deve ser diagnosticada por uma equipe multidisciplinar qualificada. Esse tipo de avaliação dá condições para um acompanhamento pós diagnóstico mais efetivo. Deve-se lembrar sempre que a pessoa com dislexia tem uma dificuldade e não uma impossibilidade. Devidamente acompanhada ela vai paulatinamente superando ou contornando suas dificuldades, portanto para mudar a perspectiva que se tem com relação à dislexia, deve-se começar por uma compreensão clara e precisa do que realmente seja e qual a sua causa.
Considerando a importância da relação professor-aluno no processo ensino- aprendizagem e as necessidades de construir uma prática educativa que possibilite a reflexão, a crítica e a construção do conhecimento pautando-se nos problemas que ocorrem diariamente em sala de aula e no decorrer do processo ensino-aprendizagem, o presente artigo tem por finalidade esclarecer dúvidas decorrentes de um distúrbio presente na vida dos educandos. Diante da dificuldade que muitos educadores encontram em reconhecer o distúrbio dentre seus alunos e principalmente em saber como trabalhar com os mesmos após a confirmação do diagnóstico, é de extrema necessidade, para que estes alunos possam ter suas necessidades de ensino atendidas.

O que é Dislexia?


Historicamente, a dislexia foi identificada pela primeira vez por BERKLAN em 1881. O termo 'dislexia' foi cunhado em 1887 por Rudolf Berlin, um oftalmologista de Stuttgart, Alemanha.  Ele usou o termo para se referir a um jovem que apresentava grande dificuldade no aprendizado da leitura e escrita, ao mesmo tempo, em que apresentava habilidades intelectuais normais em todos os outros aspectos (WIKIPÉDIA, 2010).
De acordo com a Associação Brasileira de Dislexia, a definição tem origem no grego e no latim, DIS – distúrbio, LEXIA - (do latim) leitura; (do grego) linguagem, portanto dislexia significa dificuldades apresentadas na leitura e escrita.
A definição recorrente é a do Comitê de Abril de 1994, da International Dyslexia Association - IDA, que diz: Dislexia é um dos muitos distúrbios de aprendizagem. É um distúrbio específico da linguagem, de origem constitucional, caracterizado pela dificuldade de decodificar palavras simples. Mostra uma insuficiência no processo fonológico. Estas dificuldades de decodificar palavras simples não são esperadas em relação a idade. Apesar de submetida a instrução convencional, adequada inteligência, oportunidade sócio-cultural e não possuir distúrbios cognitivos e sensoriais fundamentais, a criança falha no processo de aquisição da linguagem. A dislexia é apresentada em várias formas de dificuldade com as diferentes formas de linguagem, freqüentemente incluídas problemas de leitura, em aquisição e capacidade de escrever e soletrar.
Para Condemarin e Blomquist (1989), o termo dislexia é aplicável a uma situação na qual a criança é incapaz de ler com a mesma facilidade com a qual lêem seus iguais, apesar de possuir uma inteligência normal, saúde e órgãos sensoriais intactos, liberdade emocional, motivação e incentivos normais, bem como instrução adequada.
Vamos tomar por base a proposta de Mabel Condemarín (l989, p. 55), que diz claramente que a dificuldade de aprendizagem relacionada com a linguagem (leitura, escrita e ortografia), pode ser feita logo no início e também de maneira informal, não deixando de considerar que é muito importante que se procure fazer um diagnóstico mais conciso para ser confirmado por um neurologista, e assim acrescentada pelo professor de Língua Portuguesa e de preferência, que seja habilitado em Pedagogia, que pode vir a realizar uma medição da fluência da leitura da criança, utilizando meios necessários para que se possa complementar o diagnóstico da criança disléxica.
Segundo Orton (2001), neurologista americano, dislexia é:
Uma dificuldade que ocorre no processo de leitura, escrita, soletração e ortografia. Não é uma doença, mas um distúrbio com uma série de características. Torna-se evidente na época da alfabetização, embora alguns sintomas já estejam presentes em fases anteriores. Apesar de instrução convencional, adequada inteligência e oportunidade sociocultural e ausência de distúrbios cognitivos fundamentais, a criança falha no processo da aquisição da linguagem. A dislexia independe de causas intelectuais, emocionais e culturais. É hereditária e a maior incidência é em meninos na proporção de três para um (ou seja, a cada três meninos que nascem com dislexia, apenas uma menina nasce disléxica

Em 2002, a Associação Internacional de Dislexia adaptou a seguinte definição: “Dislexia é uma incapacidade específica de aprendizagem, de origem neurobiológica. É caracterizada por dificuldades na correção e/ou fluência na leitura de palavras e por baixa competência leitora e ortográfica. Estas dificuldades resultam de um déficit fonológico, inesperado, em relação às outras capacidades cognitivas e às condições educativas. Secundariamente podem surgir dificuldades de compreensão leitora, experiência de leitura reduzida que pode impedir o desenvolvimento do vocabulário e dos conhecimentos gerais”. Esta definição de dislexia é a atualmente aceita pela grande maioria da comunidade científica.
A dislexia, segundo Jean Dubois et al. (1993, p.197), é um defeito de aprendizagem da leitura caracterizado por dificuldades na correspondência entre símbolos gráficos, às vezes mal reconhecidos, e fonemas, muitas vezes, mal identificados.
A dislexia, segundo a linguista, interessa de modo preponderante tanto à discriminação fonética quanto ao reconhecimento dos signos gráficos ou à transformação dos signos escritos em signos verbais.
A dislexia, para a Linguista, assim, não é uma doença, mas um fracasso inesperado (defeito) na aprendizagem da leitura, sendo, pois, uma síndrome de origem linguística.
É uma dificuldade que ocorre no processo de leitura, escrita, soletração e ortografia. Não é uma doença, mas um distúrbio com uma série de características. Torna-se evidente na época da alfabetização, embora alguns sintomas já estejam presentes em fases anteriores. Apesar de instrução convencional, adequada inteligência e oportunidade sociocultural e ausência de distúrbios cognitivos fundamentais, a criança falha no processo de aquisição da linguagem. A dislexia independe de causas intelectuais, emocionais e culturais. É hereditária e a maior incidência é em meninos na proporção de três para um. ( IANHEZ; NICO, 2002, p. 21,22)

As autoras Ianhez e Nico (2002) confirmam que a dislexia pode aparecer de repente na vida adulta e que é chamada de “dislexia adquirida”, ou afasia e que se diferencia da dislexia de desenvolvimento, que é hereditária e congênita.
Este distúrbio é mais fácil descrever do que denominar, como se pode notar na citação acima, contudo, o importante é identificar o problema para que se possa ajudar e ensinar os que necessitam adequadamente.

 Diagnóstico e tratamento da dislexia


É importante para o profissional da área ser sensível a respeito de como tal distúrbio se manifesta em termos de comportamento da criança, sintomatologia, história e resultados em testes (Pennington, 1997).
Nico (2005) recomenda que o diagnóstico seja feito por uma equipe multidisciplinar (psicólogo, um fonoaudiólogo, um psicopedagogo e um neurologista) não somente para se obter o diagnóstico de dislexia, mas para se determinar, ou eliminar, fatores coexistentes de importância para o tratamento. Além disso, o diagnóstico deve ser significativo para os pais e educadores, assim como para a criança. Ou seja, simplesmente encontrar um rótulo não deve ser o objetivo da avaliação, mas tentar estabelecer um prognóstico e encontrar elementos significativos para o programa de reeducação. É de grande importância que sejam obtidas informações sobre o potencial da criança, bem como sobre suas características psiconeurológicas, seu desempenho e o repertório já adquirido. Informações sobre métodos de ensino pelos quais a criança foi submetida também são de grande significação.

Apresentação dos sintomas


Os sintomas-chave na dislexia são dificuldades para ler e soletrar, frequentemente com desempenho em matemática relativamente melhor. Como algumas crianças disléxicas gostam de ler ou têm boa compreensão de leitura, é importante verificar especificamente a leitura em voz alta e a aprendizagem fônica. Pais e professores poderão relatar ritmos lentos de leitura ou de escrita, inversão de letras e números, problemas na memorização dos fatos matemáticos básicos e erros incomuns em leitura e soletração .
O mais importante é que a indicação inicial pode ocorrer não pelos sintomas cognitivos, mas pelos físicos ou emocionais, tais como ansiedade ou depressão, relutância em ir à escola, dores de cabeça e problemas estomacais. É importante verificar se esses sintomas ocorrem sempre ou só nos dias escolares. Mesmo que ocorram sempre, a causa principal pode ser a dislexia devido a fracassos.

Alguns Sintomas de Dislexia

·      Dificuldade na aquisição e automação da leitura e escrita
·      Pobre conhecimento de rima (sons iguais no final das palavras) e aliteração (sons iguais no início das palavras)
·      Desatenção e dispersão
·      Dificuldade em copiar de livros e da lousa
·      Dificuldade na coordenação motora fina ,(desenhos, pintura) grossa (ginástica, dança
·      Desorganização geral: podemos citar os constantes atrasos na entrega de trabalhos escolares e perda de materiais escolares
·      Confusão entre esquerda e direita
·      Dificuldade em manusear mapas, dicionários, listas telefônicas
·      Vocabulário pobre, com sentenças curtas e imaturas ou sentenças longas e vagas
·      Dificuldade na memória de curto prazo, como instruções, recados
·      Dificuldades em decorar sequências, como meses do ano, alfabeto, tabuada          
·      Dificuldade na matemática e desenho geométrico
Segundo Mabel Condemarín (l989, p. 55), a dificuldade de aprendizagem está  relacionada com a linguagem,  leitura, escrita e ortografia, pode ser inicial e informalmente um diagnóstico mais preciso deve ser feito e confirmado por neurolinguista diagnosticada pelo professor da língua materna, com formação na área de Letras e com habilitação em pedagogia que pode vir a realizar uma medição da velocidade da leitura da criança, utilizando, para tanto, a seguinte ficha de observação, com as seguintes questões a serem prontamente respondidas:
·      A criança movimenta os lábios ou murmura ao ler?
·      A criança movimenta a cabeça ao longo da linha?
·      Sua leitura silenciosa é mais rápida que a oral ou mantém o mesmo ritmo de velocidade?
·      A criança segue a linha com o dedo?
·      A criança faz excessivas fixações do olho ao longo da linha impressa?
·      A criança demonstra excessiva tensão ao ler?
·      A criança efetua excessivos retrocessos da vista ao ler?
Para o exame dos dois últimos pontos, é recomendável que o professor coloque um espelho do lado oposto da página que a criança lê. O professor coloca-se atrás e nessa posição pode olhar no espelho os movimentos dos olhos da criança.
O cloze, que consiste em pedir à criança para completar certas palavras omitidas no texto, pode ser importante aliado para o professor de língua materna determinar o nível de compreensibilidade do material de leitura (ALLIENDE: 1987, p.144)
Alguns Dislexos Famosos
·      Albert Einstein
·      Agatha Christie   
·      Joss Stone
·      Keira Knightley
·      Leonardo Da Vinci
·      Napoleão Bonaparte
·      Thomas A. Edison
·      Tom Cruise
·      Charles Dawin 
Segundo Mabel Condemarín (1987, p.23), outras perturbações da aprendizagem podem acompanhar os disléxicos:
·      Alterações na memória
·      Alterações na memória de séries e sequências
·      Lateralidade
·      Linguagem escrita
·      Dificuldades em matemática
·      Confusão com relação às tarefas escolares
·      Pobreza de vocabulário
·      Escassez de conhecimentos prévios (memória de longo prazo)
Porém, o importante é saber que o disléxico é portador de uma dificuldade, mas não de uma deficiência. Há que se adequar métodos e materiais que se ajustem e atendam o processo de desenvolvimento conceptual do leitor.
O acompanhamento, a observação e a modificação de posturas frente ao aprendizado irão direcionar as particularidades de cada indivíduo, levando em conta seu tempo e construção de saberes.

Classificação das dificuldades apresentadas na dislexia


As autoras Ianhez e Nico (2001), descrevem no livro “Nem sempre é o que parece”, a seguinte classificação, utilizada para nomear os distúrbios derivados da dislexia.

·         Disgrafia

·         Disnomia

·         Dispraxia

·         Memória de curto prazo ou “memória imediata”

·         Memória de longo prazo
·         Discalculia: problema com a matemática
Discalculia é a dificuldade (mesmo com inteligência média/normal), ou perda (no caso de lesões) da habilidade para lidar com os números e com as operações matemáticas. Uma dificuldade, geralmente de origem congênita, para lidar com os números (trocas, inversões, omissões etc.) e com os símbolos matemáticos.
Nem todas as pessoas com dislexia têm problemas com a matemática. Quando isto ocorre, o fenômeno é geralmente denominado acalculia ou discalculia. Muitas dessas dificuldades resultam dos métodos utilizados pelos professores na tentativa de ensinar matemática. O aprendizado da matemática para a criança com dislexia é muito difícil, e algumas vezes até impossível.
A acalculia e a discalculia relacionam-se diretamente com as distorções do sentido do tempo, que são comuns na dislexia. Estas distorções ocorrem simultaneamente com desorientações visuais, auditivas e de equilíbrio/movimento.
Sem um sentido inerente de tempo, a compreensão do conceito de sequência, o modo como as coisas se seguem, uma após a outra, se torna um conceito difícil de entender para a criança com dislexia. Sem os conceitos de tempo e sequência, é duvidoso que se consiga uma compreensão precisa do conceito de "ordem versus desordem".
Toda matemática, da simples aritmética ao cálculo astrofísico é composta de ordem (versus desordem), sequência e tempo. Crianças que possuem um sentido inerente destes três conceitos podem aprender e compreender a matemática. Para crianças que não possuem estes conceitos, o aprendizado da matemática se reduz à memorização. Para a criança com dislexia aprender matemática, ela deve dominar os seguintes princípios básicos:
1. Tempo, significando a mediação de mudança em relação a um padrão.
2. Sequência, significando que as coisas se seguem, uma após a outra, em quantidade, tamanho, tempo ou importância.
3. Ordem, significando que as coisas estão nos seus lugares apropriados, nas suas posições apropriadas e nas suas condições apropriadas.
Uma vez que estes conceitos tenham sido dominados, pode-se adquirir o domínio do calcular com exatidão. A partir daí, aprender aritmética pode transformar-se de uma luta numa alegria.
Uma observação interessante é que matemática e música são compostas dos mesmos elementos: ordem, sequência e tempo. Apenas são expressas por meios diferentes. Com isso, não deveríamos nos surpreender com o fato de muitos grandes matemáticos também serem excelentes músicos, e vice-versa.

A importância do diagnóstico da Dislexia.


Uma equipe multidisciplinar, formada por Psicóloga, Fonoaudióloga e Psicopedagoga Clínica deve iniciar uma minuciosa investigação. Essa mesma equipe deve ainda garantir uma maior abrangência do processo de avaliação, verificando a necessidade do parecer de outros profissionais, como Neurologista, Oftalmologista o Otorrinolaringologista, o Geneticista, o Pediatra e outros, conforme o caso.
A equipe de profissionais verificará todas as possibilidades antes de confirmar ou descartar o diagnóstico de dislexia. É a avaliação multidisciplinar e de exclusão. Neste processo ainda é muito importante tomar o parecer da escola, dos pais e levantar o histórico familiar e de evolução do paciente. (ZONTA, 2008, p. 3)

É importante haver uma boa troca de informações, experiências e até sintonia dos procedimentos executados, entre profissional, escola e família para fechar o quadro de diagnóstico sobre a dislexia.
Uma observação encontrada no folheto da Associação Brasileira de Dislexia (ABD), "O fracasso escolar e os distúrbios de aprendizagem” é que depois da valorização e diagnosticado a dislexia a criança não ficará mais exposta ao rótulo de preguiçosa, desatenta, bagunceira, etc.
Essa troca de informações no "estudo do caso" de diagnóstico sobre a dislexia será importante também para se fazer o encaminhamento adequado. O diagnóstico deve esclarecer os pais, os professores e o profissional que fará o acompanhamento, bem como o próprio disléxico.
Quando a criança for diagnosticada com dislexia, os pais devem procurar a escola e informar tanto a direção, quanto aos professores a atual situação do filho.
Após a criança ser diagnosticado com dislexia a família apresenta a documentação para que a escola possa entrar no processo da legislação vigente que apoia todos que apresentam esse problema e que ele possa ter perante seus professores sistemas diferenciados de avaliação.
IANHES e NICO (2001) dizem ainda que a dislexia não tem cura, mas que podemos melhorar o quadro com apoio e ensino adequado, o disléxico sempre contorna suas dificuldades, encontrando seu caminho.
O disléxico geralmente demonstra insegurança e baixa auto-estima, sentindo-se triste e culpado. Muitos se recusam a realizar atividades com medo de mostrar os erros e repetir o fracasso. Com isto criam um vínculo negativo com a aprendizagem, podendo apresentar atitude agressiva com professores e colegas. (ARAÚJO, 2007, p.1)

Com isto pode vir a ocorrer o abandono da sala de aula ou, se consegue chegar até o fim é com muito esforço e às vezes sofrimento psicológico, pela discriminação que sofre, e muitas vezes não terminam seus estudos totalmente alfabetizada. Desta forma, ela pode se submeter às funções menores no campo do trabalho ou então podendo encaminhar-se para a marginalidade, as frustrações acumuladas podem conduzir a comportamentos anti-sociais, à agressividade e a uma situação de marginalização progressiva, quando poderiam ser gênios se tivessem o apoio da sociedade naquilo que deveriam ter obrigatoriamente: a educação.

O papel do professor


Segundo Rodrigues e Silveira (2008, p.5).
O papel do educador é despertar no aluno o interesse pelo saber, se isso não acontecer este aluno não desenvolve sua criatividade e capacidade para construir sua própria história de vida, por isso é importante que o professor conheça o universo cultural de cada aluno.
                                                                                                                     
É comum entre os docentes comentários onde é enfatizado que o aluno não aprende, não se interessa, é indisciplinado, entre outros adjetivos, e consequentemente, o professor que provavelmente irá trabalhar no ano seguinte cria uma espécie de “escudo”. Enquanto a história ou os rótulos atribuídos a um indivíduo chegar antes dele próprio e essas informações predominar, continuará o aluno assim.
Mas se houver a dúvida, a investigação e principalmente a ação quando constatado tal quadro de dificuldade, o comentário seguinte não será apenas que realmente é verdade, mas que também esta se fazendo algo por este aluno e ele esta correspondendo bem a esta atenção.
Quando o educador investiga, ele olha, observa, faz anotações, observa novamente com mais atenção, tira suas conclusões e principalmente age, faz. É essa ação que o diferenciará dos demais e o tornará importante aos seus educandos, pelo fato deste professor olhar com atenção e agir.
Um dos problemas indicados pelos próprios docentes é que geralmente os professores do ciclo I do Ensino Fundamental não têm a formação necessária para realizar um diagnóstico de dificuldades de aprendizagem, mas por meio da observação pode detectar as dificuldades que o aluno apresenta. RODRIGUES e SILVEIRA (2008, p.3) reafirmam e alertam para:
Devido à falta de formação do professor na graduação ele ainda não está preparado para detectar estes problemas.
[...], por isso os professores devem-se especializar-se para que este aluno não sofra tanta discriminação na vida escolar, uma vez que este ainda não recebe um acompanhamento adequado para superar esta dificuldade.

Também há uma tendência em colocar a culpa no próprio aluno, com isso o educador se acomoda não buscando capacitação, nem metodologias diferentes e eficientes para os alunos que apresentam possíveis sintomas de dislexia ou quer que seja dificuldade de aprendizagem, respeitando e entendendo sua individualidade.
Encontramos nas palavras de Rocha (2000, p.27), argumentos que podem auxiliar numa reflexão:
Como ajudar alguém a aprender se não compreendermos? E pior, por vezes quando não conseguimos atingir nossos objetivos - ajudar o outro no seu processo de aprendizagem - caímos num lugar comum de rotular o outro como uma pessoa portadora de dificuldade de aprendizagem ou outras coisas do tipo [...] se entendermos que o próprio conceito de normalidade é no mínimo relativo e, ainda, que o homem é um ser temporal único, é no mínimo imprudente estigmatizar, ou mesmo, classificar alguém como um portador de dificuldades de aprendizagem para depois interceder no caso.

O autor coloca o problema da dificuldade de aprendizagem sob outra perspectiva, ou seja, da não afirmação do problema ou da não rotulação, o que não quer dizer que seja necessário negar o aluno que nos parece portador de dificuldades de aprendizagem, muito pelo contrário, é necessário aceitá-los, compreendê-lo, amá-lo, sem ditar regras nem classificar a normalidade dentro da sala de aula, que, todavia, será o local mais propício ao respeito à liberdade e a busca da autonomia.

Considerações Finais


A dislexia, mais do que uma dificuldade, é um universo complexo e contraditório que envolve aspectos neuropsicológicos, sócio-culturais e educacionais. A criança com dificuldades de aprendizagem é uma criança cujo processo de desenvolvimento é mais lento do que o esperado. Não devemos rotulá-la como defeituosa, deficiente, incapaz ou permanentemente inapta. As crianças, apesar de apresentarem dificuldades, a sua aprendizagem continuará sendo possível.
Se o objetivo é ensinar a ler, deve-se ensinar a leitura e tudo o que a envolve, desta forma a criança irá ler através de conexões expressivas de palavras e de imagens. Quando uma tarefa envolver aprendizagem associativa de rotina, o ideal é apresentar letras misturadas, em confronto com letras aos pares e sob várias circunstâncias.
Quanto mais precocemente forem detectadas possíveis dificuldades de aprendizagem, mais fácil se tornará trabalhar com a dislexia na sala de aula. O quanto antes iniciar a intervenção nestas crianças, possivelmente seu histórico de frustração e sentimentos de baixa-estima será menor.
Percebemos que muitos professores não possuem conhecimento suficiente sobre a dislexia, dificultando deste modo, a identificação de tal dificuldade.
 O reconhecimento da dislexia é essencial no processo educativo, os educadores deveriam ter conhecimento suficiente para lidar com esta dificuldade em seus alunos e consequentemente melhorar a maneira de adaptar seu planejamento pedagógico as necessidades destes.
É importante compreender que o disléxico apresenta uma dificuldade, mas não uma deficiência. Há de se adequar métodos e materiais que se ajustem e atendam o processo de desenvolvimento do disléxico.
O acompanhamento, a observação e a modificação de posturas frente ao aprendizado irá direcionar a aprendizagem particularidades de cada indivíduo: levando em conta seu tempo para a construção de saberes.
Esse trabalho foi fruto de estudos e pesquisas, e positivamente, aumentou o meu conhecimento nessa área, muitas vezes tão complicada. Pude perceber a importância que esses me trouxeram, levando-me à compreensão de certas atitudes com as quais me deparo em sala de aula.
É necessário que o educador esteja disposto a se inteirar sobre o assunto se quer realmente ajudar o seu aluno, pois muitas são as dificuldades, até mesmo por não se ter muita produção sobre a dislexia. Podemos dizer que, em alguns lugares, nunca se ouviu falar sobre essa dificuldade e em outros, pouco se sabe sobre o mesmo.
Àqueles que se predispõem a trabalhar com crianças que apresentam tal dificuldade, terão que ir em busca de informações e conhecimentos, para alcançar as expectativas positivas para o melhor desenvolvimento de seu educando.
São essas informações que procurei deixar com esse trabalho realizado e espero que venha servir de auxílio para todos que delas necessitarem.

 

Bibliografia

ALLIENDE, Felipe, CONDEMARÍN, Mabel. (1987). Leitura: teoria, avaliação e desenvolvimento. Tradução de José Cláudio de Almeida Abreu. Porto Alegre: Artes Médicas.
CONDEMARÍN, Mabel e MEDINA, Alejandra. A avaliação autêntica: um meio para melhorar as competências em linguagem e comunicação. Tradução de Fátima Murad. Porto Alegre: Artmed, 2005.

CONDEMARÍN, Mabel, BLOMQUIST, Marlys. (1989). Dislexia; manual de leitura corretiva. 3ª ed. Tradução de Ana Maria Netto Machado. Porto Alegre: Artes Médicas.

DUBOIS, Jean et alii. (1993). Dicionário de lingüística. SP: Cultrix.

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FREITAS, Nilson Guedes de. Pedagogia do amor-Caminho da libertação na relação professor aluno. Rio de Janeiro: Wak editora, 2000.

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[1] Professora de Língua Portuguesa do Ensino Fundamental e Ensino médio, aluna do curso de Psicopedagogia Clinica e Institucional da Universidade Nove de Julho. Email nifatima@bol.com.br

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